top of page

#AssistaMulheres 02: The Walking Dead? The Walking dead!


Tem espaço pra feminismo em apocalipse zumbi? Carol mostra que sim (Reprodução)

Muitas vezes falamos de feminismo sem saber que estamos falando de feminismo. O mesmo acontece em séries; nos apegamos tanto à trama principal, ao tema, que esquecemos de analisar personagens importantes (apesar de gostarmos muito deles). Hoje o papo é sobre como até uma série de zumbis cheia de sangue, canibais e carne podre pode valorizar o empoderamento feminino.

Carol Peletier (interpretada por Melissa McBride) é uma mulher entre seus 30 e 40 anos. Antes do famigerado apocalipse retratado na série, ela costumava ser uma dona de casa que vivia com o marido e a filha pequena. A história se aproxima ainda mais da realidade quando, em meio à procura de um lugar seguro entre um grupo de pessoas que optam por ficar juntas, fica cada vez mais claro que a personagem sofre com violência doméstica. Ela, como é comum acontecer em casos reais, tem vergonha e se sente mal em admitir ao grupo que passa por isso, enquanto os colegas desconfiam ou sabem, mas nunca intervêm.

Carol no começo da série (Reprodução)

Ao longo da série, Carol perde o marido e passa a sentir-se liberta. A evolução da personagem poderia ir até aí, mas este é apenas o começo da força que ela passa a demonstrar. Algumas temporadas adiante, Carol se vê diante da filha transformada em zumbi e precisa decidir se acaba com seu sofrimento usando as próprias mãos ou não. Até este episódio, Carol ainda é relativamente fraca no combate ao apocalipse, depende consideravelmente dos outros membros do grupo e representa perfeitamente a ideia de mulher mais aceita e cobrada pela sociedade: mãe amorosa que respeitou o marido mesmo quando não era recíproco, submissa e extremamente frágil, com habilidade apenas para servir de "cuidadora", nunca presente na ação principal.

A partir dessa situação, porém, Carol deixa o estigma para trás tão rápido quanto a transformação humano - zumbi na série. Muitos podem dizer que ela ficou apenas fria após a morte da filha, mas a verdade é que, vendo-se completamente sozinha, a personagem viu necessidade em lidar com as situações de forma mais direta e menos sentimental. Se livrando da imagem de protetora amorosa e frágil, Carol passa a tomar a frente de situações assustadoras e demonstra toda a força, coragem e capacidade de liderança que mulheres podem, sim, ter.

Antes esquecida pelos fãs da série e tida como uma espécie de acessório do próprio grupo, Carol passou a entrar no "top três" personagens favoritos de uma parcela gigante dos amantes de The Walking Dead. O "novo eu" da personagem toma atitudes que ninguém é capaz de tomar, é sempre uma das primeiras a entender o que se passa, parte de "a que precisa de ajuda" para "aquela que ajuda" e, segundo alguns fãs, pode ser mais assustadora que um integrante do Estado Islâmico.

Carol na temporada mais atual da série, disfarçada durante combate (Reprodução)

Muitas mulheres tem toques de Carol em suas próprias personalidades, tudo o que precisamos lembrar é de que somos fortes, independentes e podemos até combater zumbis, se assim quisermos.

bottom of page