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Mulheres que marcaram uma época: As sufragistas


Para quem está procurando o que fazer nessas férias, temos uma sugestão quase irrecusável: vá até o MASP e conheça a exposição “Elementos de beleza: um jogo de chá nunca é apenas um jogo de chá” da artista Carla Zaccagnini.

Não fiquem surpresos, porque quando chegarem ao museu, vocês irão se deparar com uma parede com 23 molduras vazias de quadros. Você pode ter noção de seu tamanho, apenas. Os quadros não estão ali.

E por que não estão ali?

Porque eles não contam a luta das mulheres, como o áudio book disponível na exposição conta. Fizemos uma seleção de alguns quadros que foram atacados, mas a ação das mulheres, suas falas e sua coragem para performar tão ação não estão ali presentes. Para entender melhor sobre o que aconteceu na época, um áudio book faz parte essencial da exposição.

Uma pequena introdução é dada não apenas pelo panfleto presente na exposição, mas pelo 1º áudio, referente ao quadro danificado Oração de George Frederick Watts, somos levados ao contexto do final do século XIX.

As mulheres trabalhavam em todas as áreas de serviço, mas as que mais as empregavam eram: serviço doméstico e confecção de roupas. Em 1901, haviam cerca de um milhão de mulheres a mais do que homens no Reino Unido, mas mulheres atuando como médicas eram apenas 212.

Com o áudio book você pode escutar as histórias contadas por jornais da época sobre o ataque ao quadro correspondente. Nas tantas horas de um dia, uma mulher portando tal arma – que variava entre facas e um cutelo de 45cm – atacou na galeria de tal cidade tal(is) quadro(s). Muitas faixas contém a fala da sufragista, assim como a repercussão da sociedade na época.

Confira nossa seleção de 5 quadros e suas respectivas histórias presentes na exposição.

Não deixe de conferi-la!

A exposição “Elementos de beleza: um jogo de chá nunca é apenas um jogo de chá” fica em cartaz no MASP até 14/02/2016.

Confira também o vídeo institucional sobre a exposição:

Além da exposição, também foi lançado recentemente um filme que aborda história das sufragistas. Nós recomendamos que o assistam antes de ver a exposição. Fizemos o contrário e ainda funcionou, mas acreditamos que – didaticamente falando – vendo as imagens da produção de Alison Owen e Faye Ward, podemos entender melhor quão agressivo e importante foi esse movimento para a liberdade do voto feminino.

As Sufragistas é uma produção histórica britânica estreada por Carey Mulligan, Helena Bonham Carter, Meryl Streep. Logo nos primeiros minutos, somos apresentadas a alguns fatos históricos:

No Reino Unido do início do século XX, as mulheres estavam há 50 anos realizando movimentos pacifistas para conseguir seu direito ao voto, sem obter nenhum sucesso. Eis que o movimento sufragista começa a tomar medidas mais radicais, já que, seguindo as mulheres entoam no filme, somente pela guerra os homens sabem falar.

Uma sucessão de ataques são feitos em Londres, com o objetivo de chamar a atenção para o poder de libertação da mulher, que, é válido lembrar, na época trabalhava 12 horas por dia e ainda recebia muito menos que os homens e todo seu dinheiro era destinado para seus maridos ou pais.

Lembrando aqui que nenhum ataque era cometido contra uma pessoa e, sempre, em propriedades como quadros, lojas, caixas de correio.

Somos apresentadas então a Maud Watts, mãe e funcionária de uma lavanderia. Maud não tem formação política, mas acaba se envolvendo com o movimento e vendo, através dele, como seu arredor é tomado pelas leis dos homens.

Tanto no local de trabalho, onde colegas são oprimidas e assediadas pelo chefe, quanto em família, com um marido que se opõe a sua participação no movimento e a expulsa de casa, vemos a dura realidade vividas por mulheres a um século atrás.

Maud apanha da polícia em meio a um movimento pacifista (opa, achou semelhante com algo?) é presa diversas vezes, perde a casa e o direito de ver o filho, e companheiras de movimento.

Como mulheres que acompanham diariamente notícias sobre mulheres, movimentos e que sofrem também da opressão diária em certo grau, pudemos nos identificar com a força daquelas mulheres em tentar mudar o contexto de inferioridade que eram obrigadas a viver.

Maud é questionada em certo momento “o que o direito ao voto vai melhorar para sua vida” e ela tem dificuldade em responder prontamente. Mas ao desenvolver do filme entendemos o que Maud poderia ter dito. E ela ficaria longos minutos enumerando como sua vida melhoraria com aquele primeiro passo a liberdade das mulheres.

Sem mais delongas, gostaríamos de convidar todos para assistir ao trailer, e esperamos que procurem o filme para assistir, pois é mais do que válido aprendermos que a resistência ao patriarcalismo rende frutos importantes e, se estamos aqui hoje, discutindo sobre As Sufragistas, é porque mulheres de um Brasil do século passado também lutaram para isso.

E o que isso tem a ver com o Brasil?

Com o advento do feminismo nas redes sociais, tivemos campanhas em 2015 como #MeuPrimeiroAssédio, #MeuAmigoSecreto, #ChegaDeFiuFiu, #MovimentoVamosJuntas, #ForaCunha. Você participou ou conhece eles?

- Meu Primeiro Assédio – A hashtag criada pela Think Olga em resposta aos assédios assombrosos com a menina de 12 anos, Valentina, no realityshow Master Chef Junior. A hashtag movimentou mulheres do Brasil inteiro para contar sobre suas experiências de violência física e moral que sofreram ainda como crianças. Uma passada na hashtag no twitter pode te dar margem para relatos surpreendentes.

Ou você pode assistir nossa queridíssima Jout Jout falando sobre, aqui:

- Meu Amigo Secreto – Outra hashtag usada para apontar o machismo de cada dia foi o Meu Amigo Secreto, que bombou no twitter e facebook. Mulheres relataram comentários e situações desagradáveis, machistas e sexistas que viveram com conhecidos e amigos homens.

- Chega de Fiu Fiu – Essa campanha já é de 2013, novamente encabeçada pela Think Olga, para promover a conscientização que ser assediada moralmente na rua não é elogio para mulher nenhuma. Muitos homens ainda tem dificuldade em entender que chamar uma mulher desconhecida na rua de “gostosa” ou outros nomes gera um desconforto em se sentir invadida e tratada como um pedaço de carne. Desde seu início, a campanha teve forte aderência de mulheres que desejam conscientizar que isso também é assédio.

- Movimento Vamos Juntas – ou “Vamos Juntas?” , criado por Babi Souza e Vika Schimtz, é um projeto que acredita na “união faz a força”. A ideia é simples: você tem medo de andar sozinha na rua a noite?, pois bem, a mulher ao seu lado também. Porque não organizar grupos de mulheres, mesmo as desconhecidas, para irem juntas pegar aquele ônibus da volta pra casa a noite, por exemplo? A página do Facebook foi sucesso em menos de 48h e reúne também depoimento de mulheres que sofreram assédio moral.

- Fora Cunha – Já esse que tomou as ruas de diversas cidades, com mulheres entoando gritos contra a lei 5069/2013 de autoria de Eduardo Cunha, que proibe a medicação da pílula do dia seguinte em prontos atendimentos, dificultando ainda mais que a mulher possa se prevenir contra uma gravidez indesejada. E tem mais, a mulher, vitima de abuso sexual, não poderá realizar um aborto, e se o médico em questão realiza-lo ainda sim, poderá ser preso.

Dados como número de mulheres estupradas no Brasil, perfil de estupradores, e o que acontece com adolescentes – a faixa etária com maior registro de assédio sexual - que são obrigadas a serem mães foram levantados para contestar essa lei que tira mais um direito da mulher brasileira. A Minha Beleza é Minha cobriu o protesto em São Paulo, e deixamos aqui para vocês darem uma olhada e se lembrarem.

A participação maciça da mulher em questionamentos sociais que privilegiam o homem (vai ter mulher sendo protagonista em filme de ação sim! Beijo Mad Max e Star Wars!) tem que continuar.

Vendo esse projetos podemos perceber que várias coisas mudaram, e para melhor. Questionar sobre a posição de segundo plano da mulher na sociedade traz muita dor de cabeça (ai, aqueles homens contestando o tema do ENEM), mas são sempre necessárias para garantimos um futuro mais digno para todas nós.

Você participou de algum desses protestos ou conhece outras correntes do bem maravilhosas para ajudar mulheres?

Vem conversar com a gente, queremos te conhecer e divulgar também essas ideias. :)

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